domingo, 29 de abril de 2018

Passeio de domingo (406)



Hoje não houve passeio. Digamos que foi um domingo mal aproveitado. Vale-me um sábado deste abril para salvar a honra do dia.









quinta-feira, 26 de abril de 2018

Toalhitas


Tenho mil pensamentos aos encontrões no reduzido espaço da minha caixa craniana. Enquanto um deles se sobrepõe aos restantes e me faz desligar do espaço que me rodeia, pego nas toalhitas e empreendo a tarefa de me desmaquilhar, coisa que não requisita muito pensamento, mas sempre precisa de algum. Apenas o suficiente para perceber que em vez das toalhitas desmaquilhantes agarrei nas toalhitas de papel higiénico húmido. São hipoalergénicas, com ph neutro e sem álcool. Menos mal.

segunda-feira, 23 de abril de 2018

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Lutas


Em luta contra os excrementos dos pardais que, como todos os anos por esta altura, voltam a fazer ninho entre as canas e as telhas do meu alpendre e me conspurcam o pátio todo; em luta contra os desgraçados dos passarinhos mortos, ainda sem penas, caídos ou jogados fora dos ninhos pelos progenitores e que recolho para o lixo antes que as formigas ataquem; em luta contra os caracóis e as lesmas escondidos entre as folhas das alfaces que preparo para a salada do jantar; em luta contra as molas que teimam em cair-me das mãos quando penduro a roupa no estendal; em luta contra o feitiço da lua, que me espreita, já crescente, mas de que não falarei. Uma canseira de vida.

terça-feira, 17 de abril de 2018

Cor-de-rosa


Dedicada à Janita, que diz gostar de flores simples e que, vendo há dias um passeio meu a preto e branco, referiu só conseguir imaginar uma papoila em vermelho.

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Felicidade


É bom ter filhos? … pergunta a jovem à mulher mais velha. E prossegue, no seu sotaque com vogais abertas, minha mãe sempre disse que só foi verdadeiramente feliz quando me teve.   

domingo, 15 de abril de 2018

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Fui apalpar terreno


Preguiça


Sob a fina chuva da manhã, um grupo de mulheres, residentes estrangeiras, corre na berma da estrada. Todas envergam fatos fitness coloridos. Ultrapasso-as acelerando até aos 40km/h mas logo reduzo para deixar atravessar meia dúzia de patos que passeiam nas imediações da casa do dono, um vizinho da rua. Mais adiante, no cruzamento, segue um grupo de mulheres da terra na sua caminhada matinal. Vestem de escuro e abrigam-se com guarda-chuvas. Uma delas acena-me em cumprimento. Viro à esquerda para ir apanhar a N125, não sem peso na consciência por ter abandonado as minhas caminhadas noturnas e andar feita com a preguiça vai para meses.

domingo, 8 de abril de 2018

sábado, 7 de abril de 2018

Raiva


Magra, de cabelo muito curto, impecavelmente vestida com as suas calças de fantasia, sapatilhas, blusa azul-escuro, lenço ao pescoço, bem maquilhada, unhas arranjadas, pintadas de vermelho, anéis e pulseiras, distingue-se completamente das demais. Apesar do andarilho que leva à sua frente, ainda mostra agilidade. Dirige-se à mulher que sai do refeitório. Não me digas que já estás com fome. Que não, responde-lhe a outra, só fui buscar água. De onde me encontro, escapa-me boa parte da conversa, mas percebo-lhe a genica e chegam-me excertos dos desabafos. Com a raiva que sente até está capaz de ir a pé até Espanha, diz. Fala de quem a pôs ali. Foi ela, insiste. Ainda arranjo um carro e vou-me embora. E um homem. Mas um novo, que velhos não dá nada. Depois, levanta o andarilho e caminha para o elevador. Na sala já não há raiva e fica a faltar cor.

quinta-feira, 5 de abril de 2018

A biblioteca


Quando estou numa biblioteca, qualquer biblioteca, tenho a sensação de ser transportado para uma dimensão puramente verbal, por um passe de magia que nunca compreendi inteiramente. Sei que a minha verdadeira história, toda ela, está lá, algures nas prateleiras, e tudo o que preciso é de tempo e de sorte para a encontrar. Nunca acontece. A minha história continua a escapar-me, porque nunca é a história definitiva.

Alberto Manguel
Embalando a minha biblioteca: uma elegia e dez divagações, Tinta da China, 2018.

segunda-feira, 2 de abril de 2018

Ter uma carta na manga


A fotografia não é minha, nem a ideia. Não saberei atribuir-lhe os créditos pois desconheço o autor. Mas agradeço ao Pedro Coimbra do blog Devaneios a Oriente que, desde Macau, se lembrou da minha série dedicada às expressões e me fez chegar esta (embora eu tenha recortado da imagem a parte das palavras que a ela estavam acopladas) que descobriu no Facebook de uma pessoa amiga. Ainda pensei montar um cenário e fotografar eu própria esta expressão, mas com tanta história de plágio que por aí anda, achei melhor não prevaricar.



domingo, 1 de abril de 2018

Passeio de domingo (402)


Um passeio de domingo mentiroso para fazer jus à data, já que na realidade é um passeio de sábado à tarde nos jardins da Gulbenkian. Para hoje, fora de mentiras, ficam os meus sinceros votos de uma Páscoa Feliz a todos os visitantes desta esquina.